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amizade furta-cor

senti um arranhão em alto relevo nas minhas costas e me perguntei se ele foi feito na nossa última noite. tudo me pareceu tão cru e intenso dentro da escuridão do teu quarto que não posso me dar certeza se é daí que vem a nova cicatriz. mas o fato é que ela tá aqui. essa e as cicatrizes invisíveis que ficaram pós-nós. porque foram noites de abrir feridas, de ajudar a lambê-las e se ver uma na outra. noites de ficar tão nua quanto se pode estar diante de alguém, e não estou falando só no sentido literal da coisa.  esse novo arranhão que tatua minha pele representa, dentre várias coisas indizíveis, a possibilidade do sentir. porque ainda dois minutos antes da gente acontecer daquela forma eu não achava que pudesse sentir uma conexão tão forte novamente. me via apática e desesperançosa. não sei como a química do meu corpo mudou tão de repente. foi te tocar para que tudo simplesmente virasse de cabeça pra baixo.  acho, na verdade, q a gente nunca havia se tocado antes do choque. não lembro
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faz tempo

faz tempo que não escrevo. isso faz a gente perder a prática sabe. eu preciso voltar a escrever um diário. me fazia tão bem. lembro da sensação de escrever a lápis no caderno durante a madrugada, sendo uma adolescente melancólica e deslumbrada ao mesmo tempo. era um momento tão íntimo e grandioso. era o meu momento. comigo mesma. onde me sentia uma personagem de um filme do almodóvar. não tenho tido esses momentos. aliás, sinto como se tivesse perdido a conexão com aquela persona que eu tanto me orgulhava em ser em segredo. em extrapolar em silencio.  preciso me reconectar. com ela ou ao menos com qualquer coisa. é q sinto essa falta de não sei o quê. como se eu estivesse sempre prestes a encontrar algo que eu continuo a não achar e nem saber o que é. mas tá logo ali.  eu costumo dizer que entendo clarice lispector e fernando pessoa. talvez acham q eu to falando da obra, mas eu falo do âmago mesmo. do que move a escrita, do pensar. talvez eu nem seja desse tempo. as pessoas falam que m

tremor

"Às vezes, quando estou sentada a uma mesa, por exemplo, com amigos, ou quando estou no metrô, num domingo à tarde, por exemplo, ou diante das prateleiras do supermercado, à noite, depois do trabalho, me sobe esta raiva. Essa raiva do fato de que ninguém jamais vai saber como eu me sinto de verdade. Como é ser eu. Nunca ninguém verá minhas mãos como eu as vejo. Ninguém vai ter essa sensação, no fundo do peito, que eu tenho quando fico insegura. Aí eu sinto medo. Às vezes sinto medo do mundo lá fora. Não quero sair da minha casa. Não quero ver ninguém. Imagino, quando vou para a rua, que as pessoas ficam me olhando. Fico tão nervosa, que cada ação, seja fazer compras ou andar de ônibus, é um inferno. Eu compro,então,as coisas erradas, porque não quero que as pessoas me vejam em dúvida ou pensando diante de uma prateleira. Desço no ponto errado, porque não quero que as pessoas percebam que acionei sem querer o botão de parada. Que percebam que não sei me orientar, que não sou daqui
Mil em uma noite(s). Uma voz que não soa como um desafio. [dos olhos que me olham.] As pessoas deveriam se olhar mais nos olhos. [das bocas que me dizem.] Sinto como se já te conhecesse há anos. [dos acasos que me surpreendem.] Sem medo de ser só. Sem medo de ser. E só. [Das mulheres que me habitam e se transformam em vômito poético]
chove fora e dentro. quatro planetas em escorpião e um mercúrio que tá dançando em moon walk. o prédio impregnado de feijão queimado da família que ilustrei na imaginação: um casal heterossexual que já devem ter netos crescidos. ele cozinha pra ela. ele queima o feijão quando chove. e hoje, de fato, chove. chove dentro e fora. chove água mas não a mesma água que inunda quatro planetas com escorpião. ouvi que o retorno de saturno vai até os 33. não aguento mais 4 anos e meio disso. to virando agua igual a sheila melo.

perdendo a linha de ariadne

dando uns passos pra longe de si e não deixar migalhas no caminho e como voltar? como voltar? uma estrada de tijolos amarelos pra quem tem visto tudo em escala de cinza não serve pra muita coisa afinal pongé dentro de um oceano mas esqueci o respirador e como voltar? como ter ar? labirinto habitado por um minotauro sem linha de Ariadne não permite que se conheça o mito até o final a todo instante uma escolha que não se escolhe escolher a violência da renúncia de tudo aquilo que não é que não é que não que não é mas poderia ter sido ............